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Alegre,25/04/2025

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AUTISMO EM FOCO

Simplesmente autismo é amor

Texto de Ludimila Nunes Mantovani.


Simplesmente autismo é amor

“Meu nome é Cássio, tenho 13 anos, e eu amo ser autista.”

Essa frase carrega a espontaneidade e a sinceridade de uma criança que mais do que aceitar, celebra sua identidade.

Meu nome é Ludmilla, sou assistente social há quase 17 anos na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e mãe do Cássio, um garoto maravilhoso e autista, que tem apenas treze anos, mas que me ensina todos os dias o verdadeiro significado do amor e da resistência.

Hoje, quero compartilhar com vocês um pouco da nossa jornada — uma jornada que, para nós, não é apenas atípica, é profundamente humana e cheia de desafios, mas também repleta de luz e cor.

Você sabia que 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo? É uma data importante, sem dúvidas, mas para nós, famílias que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o autismo não é algo que se limita a um único dia. Ele é nossa realidade todos os dias, em cada sorriso, cada lágrima e cada luta que enfrentamos. Nós brincamos, nos esforçamos e resistimos. Resistimos contra preconceitos, desinformação e o descaso que nossa sociedade ainda insiste em perpetuar.

É difícil aceitar que se faz necessário um dia para lembrar ao mundo que nós existimos, porque o resto do ano muitas vezes nos sentimos invisíveis. São 364 dias de esquecimento, negligência e preconceito que nos atingem com uma força dolorosa. Mas mesmo assim, resistimos, porque o autismo, para mim, é, acima de tudo, amor. Amor que desafia limitações, amor que nos ensina a ver o mundo com outras lentes, amor que escapa de qualquer definição simplista.

Quero mais do que um dia. Quero que o respeito e a inclusão sejam rotina. Quero que meu filho e todas as outras crianças autistas sejam enxergadas. Não desejo apenas cartazes, flores e balões em 2 de abril, embora eles tragam luz e alegria. Quero que essas demonstrações de respeito e carinho aconteçam todos os dias, pois é assim que nós, famílias atípicas, vivemos: com atenção, amor e dedicação o tempo inteiro. Mas isso não é tarefa só nossa — é uma responsabilidade coletiva.

Meu filho, Cássio, sempre me mostra que nossa vida não é um peso; ela é construída para ser forte, para resistir. Somos resilientes, porque precisamos ser. Ainda enfrentamos barreiras vindas da sociedade, do preconceito e até mesmo da negligência do estado, que insiste em virar as costas às nossas necessidades. E mesmo assim, escolhemos lutar — com amor, com esperança, e com a certeza de que podemos construir um mundo melhor.

Para nós, o autismo não é um obstáculo, mas uma forma única de enxergar o mundo. É um convite para conhecê-lo com cores mais vibrantes, sons mais intensos, e amor em todas as suas formas.

Quero convidar você a se permitir conhecer mais sobre o autismo, não apenas em 2 de abril, mas sempre. Abrace a neurodiversidade, dance com os nossos sonhos e construa pontes ao invés de barreiras.

Meu pedido hoje é simples: vamos ampliar o azul do dia 2 de abril para todos os dias do ano. Vamos construir uma sociedade onde o respeito e a inclusão não sejam exceções, mas a regra. Porque no final das contas, o autismo é amor — puro e genuíno. E eu, como mãe atípica, posso dizer com toda certeza: quando você se abre a esse amor, sua vida se torna infinitamente mais bonita. Venha conhecer esse amor. Tenho certeza de que ele irá transformar você também.


Ludimila Nunes Mantovani é mãe atípica, assistente social da UFES, mestre em políticas públicas, doutoranda em política social pela UFV onde desenvolve pesquisa na área da exploração do trabalho doméstico feminino gratuito. Atualmente está como coordenadora do projeto Cuidando de quem Cuida da AFAAC.



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