JUAN CACIO PEIXOTO
ANÁLISE: QUEBRA-MOLAS em Celina: Quantos mais precisam morrer para que Alegre seja ouvida?
O quebra-molas é, por definição, um equipamento de prevenção, destinado a reduzir a velocidade dos veículos e evitar acidentes.

*Juan Cacio Peixoto
O discurso do vereador Rildo Mendes de Souza na última sessão da Câmara Municipal de Alegre escancarou uma realidade chocante: a morosidade e a insensibilidade do poder público quando se trata de atender demandas essenciais para a segurança da população.
Durante seu pronunciamento, o parlamentar relatou sua visita ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para solicitar a instalação de um quebra-molas no distrito de Celina, uma reivindicação antiga da comunidade devido ao alto risco de acidentes no local.
A resposta que recebeu, no entanto, foi assustadora: disseram-lhe que, para que um quebra-molas seja instalado, é necessário que ocorram pelo menos oito mortes no trecho.
A Burocracia que Mata Antes de Salvar
A fala do vereador Rildo Mendes não é apenas uma denúncia, mas um grito de revolta que deveria ecoar por todo o município. Se a função primordial do Estado é garantir a segurança e o bem-estar da população, como justificar uma política que só age depois que vidas são perdidas?
O quebra-molas é, por definição, um equipamento de prevenção, destinado a reduzir a velocidade dos veículos e evitar acidentes. Se a lógica do DNIT for seguida à risca, Celina só terá seu quebra-molas depois que oito pessoas morrerem – ou seja, a solução chegará tarde demais.
Esse tipo de burocracia desumana reflete uma mentalidade reativa em vez de preventiva, onde o poder público só se move diante de tragédias anunciadas. É como se a vida dos cidadãos de Celina valesse menos do que um mero protocolo administrativo.
O comentário de um internauta no Jornal O Alegrense resume bem o sentimento geral: "Gente, não tô acreditando no que estou lendo!". De fato, é difícil acreditar que, em pleno 2025, ainda existam órgãos públicos que exigem mortes para justificar medidas de segurança.
A Indignação da População e a Necessidade de Ação Coletiva
A revolta não se limitou ao plenário da Câmara. Nas redes sociais e nos comentários da publicação do Jornal O Alegrense, a população expressou seu descontentamento e incredulidade. Um cidadão escreveu: "Vergonhoso", enquanto outro afirmou: "É tanto absurdo que não cabe em um cartaz". Essas reações mostram que a comunidade não está disposta a aceitar passivamente essa negligência.
Se o DNIT não ouve o apelo de um parlamentar, talvez seja hora de uma mobilização coletiva. Por que não organizar uma comissão de todos os vereadores para levar essa demanda diretamente ao Governador do Estado no Palácio Anchieta?
Se o município não tem autonomia para resolver sozinho, é preciso pressão política em nível estadual. Afinal, quantas vidas precisam ser perdidas para que o poder público entenda que prevenção não pode depender de tragédias?
Chega de Esperar por Mortes!
O caso do quebra-molas em Celina é sintomático de um problema maior: a falta de prioridade dada à segurança viária em pequenos distritos. Se o DNIT insiste em tratar vidas como estatísticas, cabe aos representantes do povo mudar essa lógica.
O vereador Rildo Mendes deu o primeiro passo ao expor publicamente esse absurdo. Agora, é hora de a Câmara Municipal, a Prefeitura e a sociedade civil se unirem para exigir uma solução, sem que seja necessário chorar mais mortes.
Enquanto o poder público se esconde atrás de regras absurdas, a população de Celina continua em risco. Até quando? Se a resposta do DNIT for mantida, teremos que lamentar oito vidas perdidas antes de qualquer ação. Isso não é apenas inaceitável – é criminoso.
E a pergunta que fica é: Quantos mais precisam morrer para que Alegre seja ouvida?
*Juan Cacio Peixoto, é alegrense, fundador da ONG Instituto Acervo, idealizador da Feira de Troca e Venda de Livros e Gibis em Alegre e responsável pela volta do Jornal O Alegrense, devolvendo voz e identidade a imprensa alegrense.
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