*Juan Cacio Peixoto

A pequena cidade de Alegre, no Espírito Santo, com cerca de 30 mil habitantes, foi surpreendida por uma movimentação inusitada nas redes sociais. O prefeito Nirrô Emerick publicou um vídeo ao lado de um renomado empresário do setor de lojas de departamentos, gerando uma onda de comentários e expectativas entre os moradores. A imagem, que simboliza a aproximação entre o poder público e grandes investidores, levantou uma questão importante: seria viável trazer uma loja de grande porte para uma cidade de pequeno porte como Alegre?

O encontro e a repercussão
O prefeito Nirrô Emerick esteve fora do município visitando boas práticas, para conhecer e se possível implantar em Alegre, ao longo de seu mandato, que ainda está no início, na cidade onde estava, teve a oportunidade de se encontrar com um grande empresário do setor de varejo. O vídeo publicado nas redes sociais foi acompanhado de uma mensagem otimista, destacando a importância de mostrar que Alegre "existe no mapa" e pode atrair investimentos de peso. A publicação rapidamente viralizou, com moradores comentando e compartilhando a imagem, muitos deles pedindo a instalação de uma loja da rede na cidade.

Até a Câmara de Vereadores, entrou na empolgação, sem qualquer análise econômica ou social, solicitou que encaminhasse ofício ao empresário, manifestando o desejo da cidade receber uma loja, a Vereadora Renata Alves, pediu para excluir o seu nome deste Ofício.

O Prefeito está correto, cabe ao Executivo, estreitar relações com o empresariado e tentar levar investimentos para a cidade.

A empolgação da população é compreensível. A chegada de uma loja de departamentos de grande porte poderia trazer empregos, movimentar a economia local e oferecer mais opções de compra aos moradores. No entanto, a possibilidade também levanta debates sobre os impactos que isso teria no comércio local, formado principalmente por pequenos empresários.

Vantagens de uma loja de grande porte em Alegre

1. Geração de empregos: Uma loja de departamentos de grande porte poderia criar dezenas, talvez centenas, de vagas de emprego diretas e indiretas, beneficiando famílias da região.

2. Atração de consumidores de outras cidades: A presença de uma rede conhecida poderia atrair compradores de cidades vizinhas, movimentando o comércio e a economia local como um todo.

3. Maior variedade de produtos: Os moradores teriam acesso a uma gama maior de produtos, muitas vezes com preços competitivos devido ao poder de compra das grandes redes.

4. Visibilidade para a cidade: A instalação de uma loja de grande porte colocaria Alegre no radar de outros investidores, potencialmente atraindo mais negócios e desenvolvimento.

Desvantagens e impactos no comércio local

1. Concorrência desleal: Pequenos empresários podem não conseguir competir com os preços e a variedade oferecidos por uma grande rede, o que poderia levar ao fechamento de estabelecimentos locais.

2. Impacto na identidade do comércio local: Alegre é conhecida por seu comércio tradicional e familiar. A chegada de uma grande loja poderia alterar essa dinâmica, afetando a identidade econômica da cidade.

3. Dependência de uma única empresa: Caso a loja não tenha o desempenho esperado e precise fechar as portas, a cidade poderia enfrentar um impacto negativo significativo, tanto econômico quanto social.

4. Distribuição desigual dos benefícios: Nem todos os setores da economia local seriam beneficiados. Enquanto alguns negócios poderiam crescer com o aumento do fluxo de pessoas, outros poderiam sofrer com a redução de clientes.

O debate na comunidade
A publicação do prefeito gerou um debate acalorado entre os moradores. De um lado, há quem veja a possibilidade como uma grande oportunidade para modernizar a cidade e impulsionar a economia. De outro, muitos temem pelo futuro dos pequenos negócios, que são a base econômica de Alegre.

Pequenos comerciantes já manifestaram preocupação, argumentando que uma loja de grande porte poderia "sugar" a clientela local, especialmente em uma cidade com população reduzida, e que a cada Censo, mostra que a população de Alegre, vem diminuindo. Por outro lado, alguns moradores defendem que a concorrência pode ser saudável, desde que haja políticas públicas para apoiar os pequenos empresários.

Estamos falando de um sonho
A possível chegada de uma loja de departamentos de grande porte a Alegre, ES, é um tema complexo que exige uma análise cuidadosa. Enquanto a iniciativa pode trazer benefícios significativos, como empregos e maior visibilidade para a cidade, também representa um desafio para o comércio local, que teme não conseguir competir com uma rede de alcance nacional.

Cabe ao poder público, em diálogo com a comunidade, avaliar os prós e contras dessa decisão. Uma solução equilibrada poderia incluir incentivos para os pequenos empresários, como capacitação e apoio financeiro, além de estudos de viabilidade para garantir que a chegada de uma grande loja não comprometa a economia local. Afinal, o desenvolvimento de Alegre deve ser pensado de forma inclusiva, beneficiando todos os setores da sociedade.

Indústria já temos, falta explorar

Vale lembrar aqui, que Alegre possui uma indústria não explorada, a do turismo, que pode alavancar negócios, atrair turistas, manter jovens na cidade, aumentar a arrecadação de impostos e gerar emprego e renda para a população, basta planejar a sua execução.

*Juan Cacio Peixoto, é alegrense, Bibliotecário, atualmente cursa Jornalismo Digital na UNIASSELVI, Fundador da ONG Instituto Acervo, idealizador da Feira de Troca e Venda de Livros e Gibis em Alegre  e responsável pela volta do Jornal O Alegrense.